segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

PENSAMENTOS DE QUEM AMA

Uma pétala pode lembrar uma rosa. Uma rosa pode lembrar um jardim. Um jardim pode lembrar um amor. E se o amor se foi? Um passo pode lembrar uma caminhada. Uma caminhada pode lembrar um caminho. E se neste caminho houve um carinho? Um braço pode apontar uma distância. Uma distância de apenas um abraço. E se este abraço foi sem importância? Um olhar pode lembrar uma paisagem. Uma paisagem pode lembrar uma colina. E se esta colina ficou impressa na retina? Uma lágrima pode lembrar uma chuva. Uma chuva pode lembrar uma tempestade. E se esta tempestade foi por apenas um copo d’água? Um grão de areia pode lembrar um deserto. Um deserto pode lembrar um filme. E se neste filme não havia outra miragem? Um convite pode lembrar uma festa. Uma festa pode lembrar uma alegria. E se esta alegria ficou entravada no peito? Um adeus pode lembrar uma despedida. Esta despedida pode lembrar um nunca mais. E se este nunca mais foi para sempre na vida? Um retrato pode se pendurar numa parede. Uma parede pode resistir ao tempo. E se o tempo desbotar o retrato?

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Súplica da natureza

Eu sou a última folhagem. Depois não haverá mais nada. Mas faça do que restou de mim sua última roupagem. Eu sou o último animal. Este rosnar espremido poderá ser sua última canção na hora da despedida. Eu sou o último céu. Depois de mim, nada haverá sobre todos como véu. Nem haverá nenhum mar para expandir e beijar a borda do meu chapéu. Nenhum sol outra vez brilhará. Pode esconder seu guarda sol. Eu sou a última chuva e nunca mais outra cairá. Também não haverá ninguém, ninguém para me esperar. Eu sou o último pássaro e não haverá outro a voar. Nem guarde este pleno voo, pois não haverá como guardar. Eu sou a última árvore. Não terá outra no lugar. Não faça nada de mim, não terá tempo de usar. Eu sou o último rio. Não haverá outro a margear. Não beba de minha água. Minha água pode matar. Eu estou no fim. Você está no fim. Estávamos juntos desde o começo.