quinta-feira, 8 de setembro de 2011

EU, ELA E A JANELA


Não posso mais dizer
que é uma janela.
Creio que o brilho
cristalino de seu vidro,
seja o fogo devorador
de seus olhos inquietos,
cujas labaredas atravessam
minha alma e consomem
meus dias como um sol
abrasador sobre um
deserto...
porém, quando atravessa
a janela, o seu olhar
se abre como um oásis
onde me deito e durmo,
onde construo esperanças,
como um menino brinca
com pingos molhados de
areia à beira mar e
constrói castelos e fortificações.
O seu modo de me ver
atravessa os cais noturnos
das praias românticas e
une os corações dos amantes
que se misturam como as
nuvens se transpassam no
céu, ou como as pétalas
ornamentam as flores,
sem que ninguém as ensinasse
a tecer ou a florir.
Os arcos de suas sobrancelhas
se abrem como arco-íris
no fim da tarde,
e são túneis secretos, porém
permanecem no silêncio das
horas, enquanto meu olhar
discreto tenta penetrar em
seus segredos e desvendar
seus sonhos prediletos.
Que força estranha é esta
que nos mistura no brilho
da janela?
Que posso fazer ante sua
formosura, ante seu corpo
esguio, seu andar tão terno?
Poderia dizer-lhe que ela é
mais bela que todas as belas?
Poderia dizer que por causa
dela, eu amo todas as janelas
deste mundo?
Ou poderia ir mais fundo e dizer
que há muito mais coisa entre eu,
ela e a janela.

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