sábado, 13 de agosto de 2011

Poeta envia carta poesia aos jovens de todo o planeta

Conversando ontem com dois jovens, aliás dois maravilhosos jovens, ambos estudando cursos superiores, sendo um Direito e o outro Psicologia, eles me revelaram que estavam impressionados com o meu grau de conhecimentos diversos em vários assuntos. Confesso que naquele momento eu fiquei chateado, digo sinceramente, pois não me considero nenhum gênio e nehum sábio, fiquei até mesmo sem graça. Falei-lhes que a única diferença entre mim e algumas pessoas, é que sou aberto ao universo, à amplidão do cosmo e talvez isto me dê possibilidades de abarcar mais sentido à existência. Porém, resolvi responder-lhes através de um poema, o sentimento que aquele diálogo me envolveu. Vejamos abaixo:
CARTA/POEMA
Quiçá tenha eu somente a paciência
envelhecida da chuva,
a convivência repetida do calor solar,
a cosmociência recebida do brilho estelar,
enquanto vocês vem com a força da semente,
com o vigor do colorido na textura do fruto,
com o esplendor contido no sorriso emergente
da juventude inquieta, palpitante e salutar.
Quiçá conheça caminhos serpentuosos com
desfiladeiros íngremes,
e tenha aprendido com os tropeços a me equilibrar
sobre suas trilhas,
saiba dos ventos marinhos trazendo suas vagas
recordações das caravelas ancestras,
dos piratas escondidos em seus tombadilhos,
da solidão permanente de algumas ilhas,
momentos ancorados em descanso e empecilhos,
porém, vocês revigoram as seivas das manhãs novas
e reluzentes,
reeditam o proclama da união com a esperança de
um mundo melhor, mais dividido e balanceado numa
nova equação,
pois a minha relatividade ainda tem um sinal de
igualdade,
que lhes possibilita encontrar a unicidade na
diversidade da aventura.
Não posso tomar-lhes as mãos e conduzir-lhes até
às grutas do mistério,
porém, posso falar mais sério, mais sóbrio sob
alguns fios de cabelos brancos,
depois de caminhar alguns anos trazendo em rugas
o carimbo destas andanças,
que ainda me adentro por estas grutas, sem medo,
abandonando por completo o fio de Ariadne.
Quiçá, neste comportamento, talvez possa ensinar-lhes
que mais vale a pena procurar do que encontrar,
pois o achado poderia se transformar num mausoléu
de ilusões.
Esta diferença entre o mais velho e o mais novo,
sempre finda num resultado contraditório,
somos mais antigos nesta lição necessária
de que navegar é mais preciso do que viver,
no sentido de que tenha mais precisão, mais
preciosidade.
Mesmo que tenhamos ainda a bússola, o astrolábio e
o quadrante,
para se equilibrar sobre as tempestades e o desconhecido,
por esta razão, quem é instruido na arte de navegar,
sabe ser preciso, aprende que cada instante suplanta
outro instante e não é possivel nem é interessante,
querer segurar o mundo com as mãos.
Quiçá tenhamos saído do teclado da máquina de escrever,
do movimento repetitivo dos grãos socados no pilão,
de reescrever todos os dias a giratória de moer os
grãos de café, após torrá-los ao sopro das brasas ardentes,
de ouvir o murmúrio desabafado do moinho d'água trabalhando
a canjiquinha,
de buscar na bica a água nossa de cada dia,
e conseguimos num salto navegar com vocês
na amplidão da tela plana de um computador,
mas o que afinal de contas, podemos dizer?
Os anos nos ensinaram a traçar com os olhos
várias diagonais e ter a sabedoria suprema
de fazê-las todas divergentes partindo de direções
múltiplas e opostas, mas de uma forma dificil de explicar,
onde todas nascem do mesmo centro,
e este lugar central, torna-se o ponto de encontro
de todas as coisas,
mesmo todas aquelas que estejam em planos divergentes,
encontrando-se umas às outras num rítmo fora de si,
porque compreendi que a razão essencial do cosmo
é que seu centro está em todos os lugares ao mesmo
tempo e sendo ao mesmo tempo um único centro.
Quiçá esteja eu aberto a tudo isto.

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