domingo, 22 de abril de 2012

CAMINHO Descobrindo no inverso, o seu próprio caminho. Sem se preocupar com o diverso, onde esteja o fim. Este é o proceder que não encurta, não destrança o tricô do encanto, reorganiza o caos, faz da despedida um encontro, sem ser bobo pela vida, sem ser tonto, porque sabe como o rio, da chuva vinda pela montanha abaixo, escrevendo poemas, falando em outra linguagem, aquela em que as fadas dançam, sublimam, embalam, poemas vêem, perscultam, passeiam, despranteiam, sondam a energia primordial, aquela das raízes, pululam sobre as metáforas, poemas serão chamas, faróis, iluminarão com seu luzir de cores e matizes, onde queira ancorar em regatos tranquilos, as ondas dos mares tempestuosos, para encontrar sentido nos símbolos e procurar pela melhor resposta, obedecendo uma rota circular, tão fácil de ser encontrada. Uma questão de saber fechar o que resta de espaço, na geometria de um sinal de interrogação. PASTOREIO Ser filósofo não é desbotar palavras. Somente resquardá-las. Mas cuidá-las na fonte primitiva de onde vieram para tomar banho de sol. Ter a calma do guardador de rebanho deste verbo solar. Esparzir na natureza a frase ideal, onde não se espera de onde veio, nem se sabe como. O filósofo apenas encaminha, apacenta, equaciona a mensagem, enquanto tange o rebanho da linguagem, sem manuseá-la ao cansaço, guiando-a ao aprisco. - Mas não é que nisto, o filósofo corre um risco? Sim, mas ter o cuidado permanente, de enquanto tocar as cordas, ser apenas seu intermediário. A VITRINE -Quem é mais urso, o polar ou o de pelúcia? Atrás daquela vitrine, existe muita astúcia. O verdadeiro urso, hiberna outro urso. INSPIRAÇÃO Não faço poesia concreta, faço poesia. Não uso a palavra pateta. Não sou poeta de palavras cruzadas. Há quem se diz poeta e por mais que encha a forma, ela se deforma, se esvazia. Afastem de mim este cálice. Que envenena a palavra em linha reta, atacada de hipocondria. Eu sou filho único da inspiração. Quando escrevo, ando pela via do coração. INSPIRAÇÃO II Dêem-me a palavra passarinho, aquela que faz seu ninho com ar de mulher rendeira. Aquela que bate por dentro, como as pedras nos lagos, fazem ondas por todos os lados. INSPIRAÇÃO III Olho para o céu! Abro os braços para a natureza. Começo a pensar: quanta beleza! Vi uma samambaia silvestre, tão meiga e frágil, entre dois meio-fios! A natureza resiste! O meu desafio é vestir o avesso do avesso, caminhando nas águas do mesmo rio. CONFISSÃO Sou poeta, minha obra prima é erguida com as migalhas que caem da mesa da vida. Imaginem se fosse anjo, arcanjo ou santo? DESCOBERTA Mordi a isca do Eterno. No oceano de suas vibrações, descobri no âmago do belo, poemas, cantos, canções. -Você sabe quem é que não caiu no anzol? Aquele que não percebe a festa! Que só vai à praia para bronzear, ficar de bunda pra cima

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